quarta-feira, 30 de maio de 2007

"O Quarto Fechado"


“(…) Depois, sem qualquer aviso, ambos nos endireitámos, voltámo-nos um para o outro e começámos a beijar-nos. Depois disso, é-me difícil falar do que aconteceu. Estas coisas têm pouco a ver com palavras, tão pouco, na verdade, que parece quase inútil tentar expressá-las. A ter que dizer algo, diria que estávamos a afundar-nos um no outro, que estávamos a afundar-nos tão rapidamente e tão fundo que nada nos deteria. Lá estou eu a recorrer a metáforas. Mas isso é irrelevante. Pois independentemente de eu conseguir ou não falar sobre isso, tal não altera a verdade do que aconteceu. O facto é que nunca houve um beijo assim, e duvido que em toda a minha vida possa haver alguma vez outro beijo assim.”

Paul Auster, A trilogia de Nova Iorque #5.

1 comentário:

robles disse...

grande excerto.. momentos assim são dificeis de esquecer e muito dificilmente são substituidos!
gostei sim sra!

bjitos