"- A boa influência não existe, senhor Gray. Toda a influência é imoral – imoral do ponto de vista da ciência.
- Porquê?
- Porque influenciar uma pessoa é transmitir-lhe a nossa própria alma. Ela não pensa já os seus pensamentos, nem arde com as suas paixões naturais. As suas virtudes não são realmente dela. Os seus pecados, se se pode dizer que existam pecados, são emprestados. Torna-se o eco da música de outra pessoa, actor de um papel que não foi escrito para ele. O fim da vida é o auto desenvolvimento. Realizar perfeitamente a própria natureza – eis para que estamos aqui. Mas hoje as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o mais alto de todos os deveres, o dever que se deve a si próprio. Por certo que são caridosas. Dão de comer a quem tem fome, vestem os nus. Mas deixam morrer à fome as próprias almas, e estão despidas. A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tivéssemos tido. O terror da sociedade, que é a base da moral, o terror de Deus, que é o segredo da religião – eis as duas coisas que nos governam. E no entanto… (…) "
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray
- Porquê?
- Porque influenciar uma pessoa é transmitir-lhe a nossa própria alma. Ela não pensa já os seus pensamentos, nem arde com as suas paixões naturais. As suas virtudes não são realmente dela. Os seus pecados, se se pode dizer que existam pecados, são emprestados. Torna-se o eco da música de outra pessoa, actor de um papel que não foi escrito para ele. O fim da vida é o auto desenvolvimento. Realizar perfeitamente a própria natureza – eis para que estamos aqui. Mas hoje as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o mais alto de todos os deveres, o dever que se deve a si próprio. Por certo que são caridosas. Dão de comer a quem tem fome, vestem os nus. Mas deixam morrer à fome as próprias almas, e estão despidas. A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tivéssemos tido. O terror da sociedade, que é a base da moral, o terror de Deus, que é o segredo da religião – eis as duas coisas que nos governam. E no entanto… (…) "
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray